Projeto de Iniciação Tecnológica do IFPA cria mouse adaptado para pessoas com deficiência

Quando se tem deficiência nos dedos, mãos ou braços, ou quando, por algum motivo, se perde a mobilidade dos membros superiores, a acessibilidade de forma manual aos meios digitais fica comprometida. Foi pensando em resolver este problema, que um mouse adaptado foi proposto como produto teórico-conceitual e técnico pelo servidor técnico administrativo em audiovisual do Instituto Federal do Pará (IFPA), Reitoria, Willian Estrela da Cunha, junto ao programa de Mestrado Profinit (Programa de Pós-graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação), ponto focal IFPA campus Belém.


A tecnologia foi apresentada à banca avaliativa do Profinit por meio do relatório “O mouse adaptado para pessoas com deficiência: uma solução frugal de acessibilidade em mídias e interfaces digitais”. Cunha comenta que sempre gostou de trabalhar com adaptações.  Chegou a fazer, em parceria com um amigo, um sistema de automação residencial de baixo custo, o qual fizeram a solicitação de patente. No mestrado Profinit, como todo aluno, se viu desafiado a encontrar novos problemas a serem solucionados. Então, começou a analisar diversas tecnologias a serem desenvolvidas como produto de conclusão. E viu a ausência de um mecanismo, dentro das instituições públicas e privadas, para facilitar o acesso das pessoas com deficiência nas mãos ou braços às mídias utilizando mouse. Por meio de suas pesquisas constatou que há produtos no mercado para este fim, porém com preços muito altos e não acessíveis para a maioria das pessoas com deficiência. “O mouse é um dispositivo que requer uma certa precisão. O jeito que ele é hoje não facilita o manuseio das pessoas com deficiência”, afirma.


“Identifiquei que havia produtos similares, porém eram poucos e de preços não acessíveis. A minha ideia foi utilizar produtos que seriam descartados como, por exemplo, parafusos, teclados, material de construção civil, caixas e conectores, cabos de redes, bolas fitoterápicas e eletrônica. Agora a ideia é utilizar os cursos que existem na própria instituição, como Informática, Eletrônica e Mecânica, para eles mesmos construírem estes equipamentos”, esclarece Cunha.


O depósito da patente já foi feito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 20 de dezembro de 2022 e aguarda a aprovação da carta. O objetivo do autor vai além da obtenção da patente. Ele deseja multiplicar este conhecimento para que as instituições públicas tenham como atender as pessoas com limitações e deficiências motoras. Cunha explica que esta patente tem por objetivo garantir os créditos e não lucros. “A patente será aberta para que possa ser reproduzida e possa atender em escala as pessoas que precisam de um mouse que facilite o acesso às mídias”, garante Cunha.


A tecnologia desenvolvida por Cunha vai além da acessibilidade e da função laboral, pode ser um instrumento de fisioterapia para estimular e aprimorar os movimentos. “Ela vai estimulando o músculo, a precisão do movimento do braço e mão. O click no mouse poderá ser feito por outra mão, pelos pés.  “É um produto ecologicamente sustentável, porque vai utilizar resíduos que seriam descartados. E se forem montados pelo curso de Informática pode virar uma ferramenta educacional que permite os alunos colocarem seus conhecimentos em prática nos laboratórios”, esclarece Cunha.


O egresso, agora mestre, pretende disponibilizar esta tecnologia, após registrar a patente junto ao INPI, para que as instituições que queiram possam replicá-la e utilizá-la para criar mouse adaptado para facilitar a vida de seus alunos e servidores com dificuldades ou deficiências motoras. “Quero abrir este conhecimento para as universidades e institutos federais, para que mais pessoas tenham acesso aos benefícios deste conhecimento”, ressalta Cunha.


Cunha, que é egresso do IFPA, do curso Técnico em Informática campus Tucuruí, e graduado em Tecnologia em Rede de Computadores, explica que o objetivo do projeto é facilitar o acesso das pessoas com deficiências motoras às mídias e interfaces digitais. A tecnologia pode facilitar o dia-dia e gerar melhorias na qualidade de vida das pessoas, tornando as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, este significado vai além, a tecnologia torna as coisas possíveis.


A Tecnologia da informação e comunicação (TIC), quando acessível, oferece formas de interação com o conteúdo digitalizado e facilitam a comunicação entre as pessoas portadoras ou não de deficiência, permitindo melhorias na qualidade de vida ao ampliar as suas independências, habilidades, evita isolamento e a discriminação.


Profinit


Ofertado em rede, em todos os estados do país, pela Associação Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec), via Institutos Federais de Ensino, a pós-graduação stricto sensu é dedicada à formação profissional para atuar nas competências dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT’s) e nos Ambientes Promotores de Inovação nos diversos setores acadêmicos, empresarial, governamental, organizações sociais e outros.


Assessoria de Comunicação do Conif

Texto: Ascom IFPA