Estudantes do IFRS compartilham suas experiências durante mobilidade em Portugal

Era para ser um semestre de intercâmbio em Portugal, mas para cinco dos sete estudantes do IFRS que viajaram entre setembro e outubro de 2022, a experiência foi gratificante a ponto de ser ampliada. São eles: Carlos (Campus Viamão), Betina, Luana, Lucas e Rachel (Campus Erechim). Thaíse e Yolanda, também de Erechim, cumpriram o semestre e retornaram no mês de março para o Brasil.


Todos são graduandos e participam da mobilidade estudantil no Instituto Politécnico de Bragança (IPB). O programa tem por objetivo promover o contato dos estudantes com diferentes metodologias, processos e tecnologias para o aprendizado e estimular o compartilhamento de experiências acadêmicas, científicas e culturais. 


A rotina no IPB 


As aulas no IPB ocorrem em dias e turnos variados, e o sistema educacional divide opiniões. A cobrança é diferente do Brasil, apontam. As provas, na maioria das disciplinas, são apenas no final do semestre. Luana Rampi, aluna de Engenharia de Alimentos, diz ter levado algum tempo para pegar o ritmo, mas se acostumou. Segundo ela, há mais cálculos e, além das provas,  têm relatórios e trabalhos. “No IF são mais provas, porém os relatórios ajudam muito a fixar a matéria.” 


Carlos Henrique Vaz Machado, aluno de Tecnologia em Gestão Ambiental, observa que no Brasil os alunos têm mais liberdade para expressar ideias ou mesmo transformá-las em projetos. “No Brasil, conseguimos debater mais durante a aula, expor e trocar ideias, concordar e discordar”, defende. 


Devido à infraestrutura do IPB eles conseguem passar boa parte do tempo na instituição. Carlos fez aulas de bateria e piano e participou de uma banda no primeiro semestre. Amante de xadrez, certo dia visualizou um tabuleiro gigante e começou a jogar sozinho. Ao notar o entusiasmo do jovem, uma professora o convidou para ser mentor de oficinas de xadrez, através do programa mentoring academy. Tratam-se de atividades extracurriculares em grupos, nas quais estudantes são mentores.


As bibliotecas são bastante frequentadas. Por serem lugares com salas de estudo, climatizadas e com boa infraestrutura, tornam-se propícias para estudar por longas horas, sem que haja interrupções. Outro lugar que destacam é o restaurante universitário, no qual são quatro opções de cardápio por dia, sendo três tipos de carne e um vegetariano a um preço acessível. 


Troca entre culturas 


Conforme contam, o IPB é rico em diversidade cultural. Cerca de 70% dos que lá estudam são estrangeiros. “Só estando aqui no exterior com pessoas de norte a sul do Brasil eu percebi o quanto o nosso país é grande”, relata Lucas Boniatti Neves, aluno de Engenharia Mecânica. Rachel Guerrato, aluna de Engenharia de Alimentos, divide moradia com uma baiana e duas cabo-verdianas (África). Yolanda Silveira Fernandes, aluna de Tecnologia em Design de Moda, mora com uma colega de curso e uma Nepalesa (Ásia). 


A parte da socialização está sendo tranquila para a maioria deles, o idioma facilita a comunicação e, por se tratar de um município predominantemente universitário, há discotecas, jantares em grupos e programações no próprio IPB que reúnem os jovens. Lá eles podem fazer academia, praticar esportes, cursar outros idiomas e sempre há espaço para integração. Luana conheceu o namorado, também brasileiro, no jogo de vôlei, o qual ela frequenta uma vez por semana.  “Aqui sempre tem coisas acontecendo, a faculdade é grande e oferece muitas oportunidades, das quais somos avisados por e-mail.”


Aprendendo a se virar em outro país


O sotaque do português de Portugal causou um certo estranhamento no início, mas passado esse momento, logo se acostumaram. O que eles não contavam eram as temperaturas tão baixas e o excesso de chuvas no inverno Brigantino, o que muitas vezes dificultou a saída de casa. Sobre perrengues, Lucas e Luana relataram um episódio curioso. Depois de uma longa e cansativa viagem do Brasil até chegarem a casa em Bragança alugada via rede social, veio a surpresa nada agradável: não tinha nada no imóvel. E estavam sem comunicação, pois o telefone não pegava lá. “Foram dois dias sem tomar banho, pois na casa não tinha gás. Além disso, nada de talheres, copos, panelas, sendo que o combinado era o contrário. Depois a proprietária comprou um micro-ondas, ganhamos um chip de telefone com internet e as coisas foram se ajeitando”, acrescenta Lucas. 


A maior barreira da experiência parece ser a financeira. Embora todos tenham ganhado uma bolsa do IFRS no valor de R$ 8.000,00 para ajudar com as despesas de passagens, visto, aluguel, comida e outros, as altas recentes nos preços impactaram bastante na rotina dos universitários. Alguns contam com o auxílio dos pais, outros com o estudantil.  Ainda assim, Rachel ressalta que, por se tratar de uma cidade pequena, com cerca de 35.000 habitantes, o custo de vida é mais baixo do que numa cidade maior como Lisboa. 


Contribuições para a vida


Da experiência vivida até o presente é unanimidade entre eles a contribuição desse processo nos âmbitos pessoal e profissional. Rachel define como “experiência incrível, todo mundo precisava passar por isso uma vez na vida”. Na mesma linha, Lucas afirma que sempre teve o sonho de morar em outro país e de conhecer a Europa. “Viver fora do Brasil para estudar não está apenas contribuindo para a minha vida acadêmica, mas também pessoal. A distância da família e amigos pesa eventualmente, porém é uma fase que vai valer a pena.” Para Yolanda, de forma acadêmica é uma oportunidade de troca de conhecimento pelo contato com culturas diferentes, uma vez que o IPB tem um programa de mobilidade internacional que ela considera bem prático. “E as oportunidades que se abrem são muitas, eu vou lembrar dessa experiência o resto da minha vida.” 


Luana é a mais experiente do grupo em se tratando de intercâmbios. Ela cursou inglês em Londres (Inglaterra) em 2019 por um período de 40 dias. Em 2021 esteve em Budapeste (Hungria) trabalhando por três meses em um hostel. “Em Portugal eu estudo muito, a alta dos preços também pesa. Sinto que amadureci bastante.” Como pontos positivos, destaca a segurança do país. A saudade da família e amigos é a parte negativa. 


Carlos também vê a segurança como destaque. “A realidade social é muito diferente do Brasil. Posso caminhar tranquilamente durante a noite fazendo uma chamada de vídeo ou mesmo com fones ouvindo um som a todo volume sem me preocupar.” Para ele, a adaptação social e econômica foi difícil, entretanto considera que muitos elementos se sobrepõem a essas dificuldades, como a pluralidade de culturas e a experiência de “conhecer diversos países em um só lugar”.


Assessoria de Comunicação do Conif

Texto: Ascom IFRS