Pesquisa do IFMA com mandioca ganha destaque internacional

A cultura da mandioca é uma prática de grande importância socioeconômica no Brasil, entretanto, o seu processamento também gera grande quantidade de resíduos, com alto teor de carboidratos. De acordo com a pesquisadora Fiama Martins, doutoranda em química na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a composição química e usos potenciais de tais resíduos ainda são pouco discutidos na literatura.


Em seus estudos de Mestrado em Química no Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Monte Castelo, Fiama Martins focou nesses subprodutos que servem à indústria farmacêutica e alimentícia.


A sua pesquisa ‘Hidrólise do resíduo de mandioca (Manihot esculenta Crantz) usando uma zeólita natural Estilbita-Ca como catalisador’ foi publicada na Bioresource Technology Reports, revista de referência na divulgação de artigos no segmento.


O estudo, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), foi orientado pela professora do Departamento de Química do IFMA Campus Monte Castelo  Kiany Sirley Brandão Cavalcante, doutora em Ciências Química  (UFPB).


A hidrólise é o nome dado ao processo químico em que as moléculas de substâncias diferentes são fragmentadas em unidades menores por meio da interação dos íons (cátions ou ânions) presentes nos compostos e que atuam diante da presença da água. A catálise é um processo que acelera a velocidade de uma reação química. Em sua forma heterogênea, o catalisador é utilizado em um estado físico diferente dos reagentes.


Zeólitas são substâncias altamente cristalinos do grupo dos metais alcalinos e alcalinos terrosos. A estilbita é um mineral conhecido há mais de dois séculos e a Bacia do Parnaíba representa o seu primeiro depósito natural do Brasil com potencial de aproveitamento econômico para aplicação na agricultura.


De acordo com a pesquisadora, trata-se do primeiro relato de hidrólise catalítica heterogênea usando o zeólito natural Stilbite-Ca em processamento de biomassas. “Essa foi a segunda publicação do meu mestrado e, quando recebi o aceite, senti a sensação de trabalho concretizado. A nível pessoal, a publicação representa a importância do trabalho em equipe e da liderança”, destacou Fiama. “Durante o processo de submissão, aprendemos e aprimoramos nosso artigo com as sugestões e correções dos revisores”, prosseguiu. “O meu principal aprendizado é que não se faz ciência sozinho, pois sempre estamos contando com apoio do colega de laboratório ou de um revisor que nem conhecemos”, destaca.


“A zeólita natural foi aplicada na catálise de resíduos de mandioca, apresenta 86,53 % de conversão em 6 horas, produzindo 17,77 % de açúcares redutores totais, o que foi superior à reação de hidrólise apenas com água”, concluiu.


“Orientar a Fiama Martins foi uma experiência enriquecedora e gratificante, pois desde a graduação ela mostrou-se extremamente comprometida com a pesquisa”, avaliou a professora Kiany Sirley.  “A sua dissertação de mestrado foi uma verdadeira imersão científica”, prosseguiu O desenvolvimento do projeto contou com a parceria de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) do IFMA Campus Monte Castelo e do laboratório de Biodiesel da UFMA. “A publicação desse artigo representa uma conquista coletiva do Grupo de Biomassa, da Pós-Graduação do IFMA, da UFMA e do Maranhão”, ressaltou. “ Atribuímos o destaque a um esforço conjunto dos pesquisadores do nosso estado, ao apoio da instituição e, principalmente, da agência de fomento à pesquisa do nosso estado, a FAPEMA.


Na publicação internacional, o trabalho foi divulgado com o nome ‘Hydrolysis of cassava’s (Manihot esculenta Crantz) waste polysaccharides using the natural zeolite Stilbite-Ca as catalyst’ e pode ser acessado no link: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2589014X23000555. A revista Bioresource Technology Reports publica trabalhos sobre inovações em fontes biológicas com foco na valorização de biomassas, aproveitamento energético e desenvolvimento sustentável.


Assessoria de Comunicação do Conif

Texto: Ascom IFMA