Pesquisa realizada por estudantes do IFG resgata história da Banda Nilo Peçanha

Pesquisa realizada por estudantes da Licenciatura em Música do Instituto Federal de Goiás Câmpus Goiânia faz um resgate histórico da Banda Nilo Peçanha entre as décadas de 1940 a 1990. O estudo foi apresentado enquanto trabalho de conclusão de curso das alunas Jordana Reis Duarte e Maiara Gabriella Mesquita, que também cursaram o técnico integrado em Instrumento Musical na Instituição e, por sua vez, fizeram parte da banda entre os anos de 2015 a 2018.


A pesquisa teve como ponto de partida o acervo imagético, que está sob responsabilidade da Coordenação de Comunicação Social do câmpus. As estudantes tiveram como ponto de partida a primeira fotografia que se tem notícia sobre a banda, em 1942, data da transferência da então Escola de Aprendizes e Artífices, que ficava na Cidade de Goiás, para Goiânia, momento em que a Instituição passou a ser chamada Escola Técnica de Goiânia. “A música está presente desde quando a Instituição começou aqui em Goiânia. A gente pegou os dados dessas imagens e tentou fazer uma reconstrução histórica e propor um novo estudo histórico para a gente conhecer mais sobre a banda”, conta Jordana.


Mas antes de falar mais sobre o estudo elaborado pelas alunas, vamos apresentar a Banda Nilo Peçanha para quem ainda não a conhece? O grupo, atualmente em sua formação sinfônica, é formado por cerca de 80 discentes do curso técnico integrado ao ensino médio em Instrumento Musical. Ela está presente em vários momentos marcantes do câmpus, como eventos, ensaios que reúnem a comunidade acadêmica que, declaradamente, a admira, além de apresentações fora da Instituição e de Goiânia.


Quem é recente nessa instituição octogenária pode pensar que a banda é um produto dos cursos da área de música ofertados pelo câmpus. E aí entra a relevância da pesquisa das estudantes. “A gente sabe que houve a fundação do curso técnico e da licenciatura há poucos anos, há menos de 20 anos, mas já existia atividade musical aqui antes da fundação desses cursos. [...]A música sempre esteve presente aqui e é muito forte no Instituto Federal (Câmpus Goiânia) hoje. [...]E para a Instituição, é importante lembrar que a música esteve presente aqui bem antes de muitos cursos”, completa Jordana.


Marshal Gaoiso, orientador da pesquisa, docente da área de música e um dos regentes da Banda Sinfônica Nilo Peçanha acrescenta ainda que “o curso técnico (de Instrumento Musical) é uma referência nacional, foi um dos primeiros cursos dessa modalidade na Rede Federal. A gente tem toda uma estrutura que é muito bem montada mas que pouca gente sabe de onde veio, como foi o início. E a Banda Nilo Peçanha é a vertente disso tudo. Graças à ela que a gente tem o curso e muita gente acha que é o contrário, que por causa do curso a gente tem uma banda sinfônica. Foi por causa da banda que a gente manteve vivo esse interesse pela música e a partir daí a gente começou a formular o curso técnico e depois o curso superior”, recorda.


De fanfarra à banda sinfônica


A pesquisa das alunas mostra como a Banda Sinfônica Nilo Peçanha foi mudando, ganhando mais músicos e instrumentos com o passar das décadas e das transformações institucionais, desde Escola Técnica de Goiânia, passando por Escola Técnica Federal de Goiânia, Escola Técnica Federal de Goiás, até chegar a Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás.

“Na primeira fotografia, de 1942, a gente vê (a banda) formada só por homens, na fanfarra de percussão, e tinha cerca de 14 homens tocando ali. Hoje, na Banda Sinfônica que temos aqui no Instituto, ela já está com uma formação de, mais ou menos, 80 alunos tocando, entre homens e mulheres”, comenta Maiara Gabriela.


A partir do estudo, foi possível concluir que a Banda Nilo Peçanha inicia na década de 1940 em uma formação classificada como fanfarra de percussão, com instrumentos como caixas e surdos identificados nas imagens. A partir de 1950, o grupo muda para fanfarra simples tradicional, quando são acrescidas as cornetas às caixas, surdos e bumbos. As alunas explicam que o que diferencia essas classificações é a sua formação instrumental, a quantidade e qualidade de instrumentos. Na fanfarra de percussão, encontram-se apenas instrumentos de percussão. Na fanfarra tradicional, instrumentos de percussão e cornetas.


Em meados de 1970, aparecem registros da Nilo Peçanha como banda marcial, que inclui, além dos instrumentos de percussão e cornetas, metais com pistos, como é o caso do trombone e trompete. Nessa formação, a banda contava com caixas, pratos, surdos, bumbos, liras, trompetes e trombones. Foi naquela década em que aparecem imagens, pela primeira vez, de professores da banda, dentre eles Jaime Ferreira Borges, Lecy José Maria e Fábio Martine Neto. Além disso, são nos registros desse período em que se pode perceber, também de forma inédita, mulheres compondo a banda.


No início da década de 1980, a banda passa de marcial para banda musical, tendo o professor Jaime Ferreira Borges como maestro. Segundo a pesquisa, nesse período os instrumentos de madeira são incorporados aos demais, ficando da seguinte forma: caixas, surdos, bumbos, atabaques, pratos, trompetes, eufônicos, sousafones, saxofones e clarinetes.


A pesquisa termina trazendo os registros até 1999. De acordo com as estudantes, foi no final dos anos 1990 que a banda muda seu caráter para sinfônica, como é conhecida atualmente. Em 1995 o professor Marshal Gaioso passa a integrar a instituição enquanto professor e dois anos mais tarde, Jaime Borges se aposenta.

O estudo leva em consideração também as diversas vestimentas adotadas pelos integrantes da Nilo Peçanha ao longo desses anos que compõem o objeto de pesquisa. No total, foram encontrados 13 diferentes trajes.


Para as alunas, as principais motivações para mergulhar nesses registros e trazer à tona a história da Banda são a importância que o grupo tem para a música em Goiás, além de terem feito parte da Nilo Peçanha entre os anos de 2015 a 2018. “A importância desse trabalho é mostrar que a Banda Nilo Peçanha é uma das mais tradicionais do Estado. Não tem como falar de banda e de movimentos de banda e de música sem citar a Banda Nilo Peçanha aqui em Goiás. Ela fez parte de apresentações musicais de fato, mas de aberturas de congressos e nas atividades de todo câmpus de modo geral. [...]É um grupo importante para todo o estado e desejamos que ele nunca acabe, que os alunos venham a conhecer esse trabalho eles tenham noção da grandiosidade desse grupo”, comenta Jordana.


Vale destacar que toda a ideia de pesquisar a história da banda por meio das imagens institucionais veio ainda durante um projeto de iniciação científica que as estudantes participaram em 2019, ano em que tomaram contato pela primeira vez com acervo imagético que é foco desse trabalho. “Ele (o projeto de iniciação científica) era intitulado A música na escola técnica. Através desse trabalho, encontramos várias fotografias, fotografias da banda inclusive, um acervo muito amplo e a gente decidiu continuar essa pesquisa. Essa foi uma das motivações”, completa Maiara.


O estudo é resultado da análise de 465 fotografias, dentre elas, 144 são fotos da banda em ensaios, concertos, apresentações na Instituição; 321 imagens dela em desfiles cívicos – como os realizados em 7 de Setembro, celebrando a Independência do Brasil e o aniversário de Goiânia, além de 41 fotografias do Coral da então Escola Técnica Federal.


Assessoria de Comunicação do Conif

Texto: Ascom IFG