Projeto incentiva participação feminina em áreas de Ciência e Tecnologia

A mulher enfrenta diversos desafios ao ocupar espaços dominados pela presença masculina e na área de ciência e tecnologia o cenário não é diferente, ainda há falta de reconhecimento e escassez de oportunidades educacionais e de pesquisa. Diante disso, foi criado o programa Futuras Cientistas, que tem como objetivo estimular o interesse e promover a participação de mulheres professoras e estudantes do ensino médio, nas áreas de Ciência e Tecnologia, através de sua aproximação a centros tecnológicos e instituições de ensino e pesquisa. O Futuras Cientistas foi lançado em 2012, pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene). Em 2023, passou a atuar nas 27 unidades da federação e, esse ano, está sendo realizado no Instituto Federal do Pará (IFPA), Campus Ananindeua.


No âmbito do programa Futuras Cientistas, o Campus Ananindeua está executando o projeto de extensão intitulado “A Alfabetização Científica e Tecnológica em Eletromagnetismo: integração curricular e o desenvolvimento de indicadores por meio da educação STEM”. Foram selecionadas seis estudantes e uma professora de rede pública estadual de ensino para terem contato com as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, através de aulas, palestras e imersão científica. As alunas receberam um kit e um auxílio financeiro para subsidiar a participação no programa. A finalidade é contribuir com a equidade de gênero no mercado profissional. 


As aulas previstas pelo projeto foram ministradas por quatro professores do IFPA, durante o mês de janeiro, nos laboratórios do campus Ananindeua. Os temas tratados foram: “Eletrização e processos tecnológicos”, “Circuitos elétricos e aplicações tecnológicas inteligentes” e “Eletroímas, transformadores e funcionalidades eletroeletrônicas”.


Ao final, as alunas fizeram uma atividade teórico-prática, que consistia no planejamento de uma casa de boneca, com elaboração de três circuitos elétricos diferentes, um para cada cômodo da casa. Com a atividade, as alunas puseram em prática o que aprenderam ao longo do curso, usando, para isso, linguagem científica, tecnológica, matemática e de programação. Além da imersão científica nos laboratórios, as alunas ainda participaram de atividades online, promovidas pelo Cetene, em âmbito nacional. 


“Hoje as futuras cientistas apresentam a experiência vivida na imersão científica desenvolvida no IF campus Ananindeua. As meninas experienciaram um mundo voltado para como as pesquisas acontecem em Educação STEM e trouxeram uma abordagem rica de linguagem científica, matemática, de engenharia, de tecnologia e de programação a partir da construção de circuitos elétricos em uma mini casa de boneca. A imersão possibilitou a inserção das meninas na ciência como uma forma de aproximá-las de carreira científica e tecnológica, como forma de aprimoramento pessoal e na profissão que virem a escolher, explicou o coordenador do projeto e professor do Campus Ananindeua, Sebastião Rodrigues.


A intenção é que todo o aprendizado proporcionado pelo projeto possa ser multiplicado e levado para a comunidade externa do IFPA. “Elas ficaram muito satisfeitas e pretendem levar essas informações para as escolas delas, pros laboratórios utilizarem as ferramentas. Até nos oferecemos para fazer treinamentos nas escolas delas, a ideia do curso é multiplicar mesmo, elas vão levar esse conhecimento, porque muitas avaliaram que os laboratórios das escolas são subutilizados, ninguém usava para fazer, por exemplo, aula de física, aula de matemática, então você dá uma conhecimento a mais dentro da inclusão digital, você está fazendo a inclusão no mundo científico e no mundo digital, não estar usando o celular só para rede social, mas usar como fonte de estudo”, explica o professor do Campus Ananindeua, Denis Costa.


Mulheres e meninas na ciência


O Futuras Cientistas tem contribuído para a redução das barreiras para o acesso e permanência de meninas e mulheres nos espaços científicos. Em 10 anos, 70% das participantes do programa foram aprovadas no vestibular, destas, 80% escolheram cursos nas áreas de Ciência e Tecnologia. “Esse projeto é extremamente importante porque ele dá oportunidade para essas meninas já conhecerem a ciência, terem essa oportunidade de primeiro contato com a ciência e tenta, justamente, estimular, deixar esse preconceito ou falta de informação que exista sobre a área, de às vezes não se enxergar dentro da ciência, não se enxergar como uma pesquisadora, uma cientista. Acontece muito isso no mundo feminino, por ‘n’ motivos, então o projeto acaba dando esse acesso, oportunizando”, afirma a professora do IFPA, Marcela Cordeiro.


A professora Louise Lindnee ministra aula de física na rede pública de ensino e participa do projeto como aluna. Ela destaca a importância de incentivar meninas e entrarem para a área científica e tecnológica. “Tem poucas mulheres nessa área de engenharia, de física. Quando eu entrei na universidade, era só três meninas num curso de 46 alunos, eu achei uma discrepância muito grande, aí eu entrei no mestrado e só tem quatro meninas, eu e mais quatro, então acho que as mulheres têm que ganhar mais espaço mesmo, tem que ter esse incentivo mesmo do governo e de outros programas, porque as mulheres são a maioria”, defende.


A presença de mulheres na ciência inspira as gerações futuras e incentiva mais jovens a explorarem seu potencial no conhecimento científico. Ednanda Monteiro estuda no município de Terra Alta e veio para Ananindeua só para participar do projeto, ela fala sobre como ver mulheres em cargos científicos importantes é um grande estímulo para sua carreira: “Me inspira pra dizer que eu sou capaz, independente do meu gênero, eu sou capaz de conseguir, não é isso que vai me impedir, eu vou ter uma dificuldade porque a gente, querendo ou não, a gente mora, a gente vive num mundo patriarcal ainda e ver elas chegando numa posição tão magnífica, coordenando uma empresa ou um projeto muito importante, independente de qual seja o projeto faz com que realmente eu me sinta capaz e queira seguir a minha carreira”, conta a aluna.


Assessoria de Comunicação do Conif

Texto: Ascom/IFPA

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