Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: relatos de alunas do IFMT

Neste 11 de fevereiro, quando o mundo celebra o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência a experiência de um grupo de alunas do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) campus Barra do Garças ilustra o trabalho científico desenvolvido por alunas e servidoras pesquisadoras dos dezenove campi nas mais diversas áreas do conhecimento.


As estudantes do curso Técnico em Informática Yasmin Nogueira Soares da Silva, Adrielly Alves Magalhães e Luisa Fonseca Corbari participam de um projeto de pesquisa para o desenvolvimento do software “Alimentos da Agricultura familiar na Educação (ANE)”, que busca promover a melhoria da gestão do Programa Nacional de Alimentação Estudantil (PNAE).


O projeto intitulado “Um software para a agricultura familiar no contexto da alimentação escolar do estado de Mato Grosso” levou o grupo a estar entre os projetos finalistas da 22a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que acontece em março na Universidade de São Paulo (USP).


Depois de identificar um problema envolvendo agricultura familiar e alimento na educação que abrange o país inteiro, o grupo resolveu criar um software que facilitasse o processo de seleção dos fornecedores, a gestão de entrega e a prestação de contas do programa à União.


Vendo que não existe um sistema único responsável pela execução do PNAE, com esforço e motivação, elas desenvolveram o chamado MVP do software, uma versão enxuta de uma solução, que contém apenas suas funcionalidades básicas, neste caso, o módulo de seleção de fornecedores.


Luisa Fonseca explica que o ponta pé inicial para participar deste desafio foi compreender como funciona a execução do PNAE, especificamente no estado de Mato Grosso.


“A ideia saiu do papel e se transformou em um software de impacto social. Percebemos que o processo seletivo de fornecedores para as escolas ainda é feito de forma manual, com o uso de documentos físicos e isso torna tudo muito mais difícil porque a seleção é feita com critérios estabelecidos por lei,” detalha Luísa.


A lei no 11.947/2009 determina que ao menos 30% dos alimentos fornecidos para as escolas devem ser provenientes da agricultura familiar. E garantir esse mínimo, perceberam as estudantes, é um dos grandes desafios do programa.


Inicialmente, a proposta era desenvolver um software que promovesse a cooperação entre os pequenos agricultores. Depois do mapeamento de todo o processo no estado e da análise do manual do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o PNAE, elas conseguiram coletar os requisitos para propor o ANE.


As estudantes apresentaram o software e suas funcionalidades para o FNDE, que validou a proposta de soluções para o PNAE. Atualmente, o software está em processo de registro de patente.


“Produzimos o MVP do processo de seleção de fornecedores e pretendemos desenvolver os outros módulos de gestão da entrega e de prestação de contas. A ideia é implantar aqui no estado de Mato Grosso e depois em todo o país,” detalha Yasmin.


As jovens pesquisadoras compreendem que agricultura familiar é alimentação saudável, daí a importância de escolher criteriosamente os fornecedores para as escolas.


“O ANE incentiva a alimentação saudável nas escolas, por facilitar o processo de seleção dos pequenos agricultores, o que auxilia no combate à fome no país. O software também caminha na direção de um mundo melhor, alinhado com os objetivos sustentáveis da ONU para o Brasil”.


“E, por fim, ele promove uma gestão mais eficiente para o Brasil ao integrar em um sistema único toda a execução do PNAE”, emenda Yasmin, que também participa do desenvolvimento de um software para a predição de genéticos e influência genética.


Desafios femininos na ciência 

Yasmin detalha as mudanças em sua visão de mundo desde que travou seu primeiro contato com a instituição: “Minha visão que era fechada antes de entrar no IF, se abriu para várias dimensões da realidade brasileira, ainda mais pelo contexto do nosso projeto, que era a agricultura familiar. Então, através do projeto pude ver realmente as dificuldades da mulher na área da tecnologia, como cientista”.


Luisa também contextualiza essa realidade em que está inserida ao ter que se desdobrar e acumular funções, sendo uma jovem pesquisadora: “ser mulher na pesquisa é desafiador e fatigante. Muito se fala da dupla jornada de trabalho que as mulheres enfrentam, mas acontece que meninas estudantes também passam por isso. A gente tem as nossas responsabilidades enquanto estudantes, nas pesquisas, no âmbito doméstico, muitos deveres que precisamos conciliar”.


A estudante entende que seu esforço traz muitos benefícios, sendo um deles a participação na Febrace do trabalho no qual faz parte, relacionando assim, seus objetivos pessoais com conquistas coletivas. “Sempre quis ser pesquisadora, porque acredito que a ciência sirva justamente para auxiliar a humanidade a progredir”.


Através do olhar das suas jovens alunas pesquisadoras o IFMT vem oportunizando novos caminhos e expandindo os horizontes para elas nas áreas da ciência, no mundo do trabalho e onde quer que elas busquem estar.


A orientação do projeto ANE é do professor André Assis Lobo de Oliveira.


Sobre o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

A data foi criada em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a excelência das mulheres na ciência e lembrar a comunidade internacional de que ciência e igualdade de gênero devem avançar lado a lado, a fim de enfrentar os principais desafios mundiais e alcançar os objetivos e metas da Agenda 2030.


Assessoria de Comunicação do Conif

Texto: Ascom IFMT
Foto: Arquivo IFMT

Relacionados