Rede Federal oferta oportunidades com foco na acessibilidade e inclusão de surdos

Amanhã dia 23, será celebrado o Dia Internacional das Línguas de Sinais, instituído pela Federação Mundial de Surdos. A comunidade escolheu setembro como um mês voltado à celebração, conscientização e luta pela visibilidade e pelos direitos das pessoas surdas, com foco na cultura, nas línguas de sinais (como a Libras, no Brasil) e na garantia de acessibilidade e inclusão.


A data também marca o aniversário da criação das Escolas de Aprendizes e Artífices, marco inicial do que hoje conhecemos como Institutos Federais e Centros Federais de Educação Tecnológica. Mais recentemente, em 2022, o dia 23 de setembro também foi instituído como o Dia Nacional da Educação Profissional e Tecnológica.


Em 116 anos de história, foi apenas neste último ano que a centenária Rede Federal contou com seus dois primeiros diretores-gerais surdos: o professor Valter Fernandes, diretor-geral do Campus Sapiranga do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul), e a professora Simone Gonçalves, diretora-geral do Campus Palhoça Bilíngue do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).


Os dois estiveram, no começo do mês, na 49ª Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Reditec 2025), realizada pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), no município de Bonito (MS). “Estamos em meio ao Setembro Azul, que é um mês de visibilidade da comunidade surda, e ter os dois primeiros surdos presentes na Reditec, um evento com foco nos dirigentes da Rede Federal, significa muito para nós e para a comunidade surda. Falamos muito que a Rede é um espaço de acessibilidade e de inclusão — e, mais do que nunca, está sendo”, destaca Valter Fernandes.


O diretor-geral do Campus Sapiranga tem perda auditiva bilateral profunda. Porém, fez um esforço para aprender o português a fim de incluir as pessoas que não têm deficiência, em um gesto que demonstra que o contrário também é possível. Para isso, Valter dedica parte do seu dia ao aperfeiçoamento da oralização. “Há um grande quantitativo de pessoas com deficiência no Brasil que nem concluíram o ensino fundamental. Eu e a Simone não somos a regra, mas a exceção, dentro de uma comunidade em que mais da metade das pessoas ainda está à margem da sociedade, sem inclusão no mundo do trabalho e na própria Rede Federal”, completa.


Estatísticas


Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2022, o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência auditiva, o que representa 7,3% da população com dois anos ou mais. Desse total, aproximadamente 2,3 milhões possuem deficiência auditiva profunda ou total — e a maioria dessas pessoas não utiliza a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Considerando todos os graus de deficiência auditiva (leve, moderada, severa e total), esse quantitativo chega a mais de 10 milhões de brasileiros.


A dificuldade de comunicação é considerada pela professora Simone Gonçalves um dos maiores entraves para a inclusão e a acessibilidade das pessoas surdas na sociedade.

“A Língua Brasileira de Sinais está presente e precisa estar viva. Mais pessoas precisam conhecê-la, e os surdos de todo o Brasil também, para que tenham acesso ao ensino de qualidade, que é um direito”, afirma.


“Nesses anos de trabalho, percebo que ainda falta à sociedade em geral, inclusive na comunidade acadêmica, compreender que as pessoas são diferentes. Esse é um grande desafio. Por isso, assumi a responsabilidade de representar a comunidade surda na gestão”, completa.


Segundo dados do Censo Escolar 2022, entre os 47,3 milhões de estudantes da educação básica no país, 61.594 apresentam alguma deficiência relacionada à surdez. “O surdo está presente na sociedade e precisa dessa atenção. Nós precisamos lembrar das questões visuais. Hoje, a sociedade é muito fonocêntrica. Aprender a língua de sinais é o primeiro passo. A cultura Surda também é diferente, com estratégias de aprendizagem próprias baseadas no aspecto visual”, explica Simone.


Formação pública, gratuita e de qualidade


A Rede Federal oferta cursos gratuitos de Libras em diversas modalidades — presenciais, online graduações e cursos rápidos (MOOCs). O Instituto Federal de Goiás – Campus Aparecida de Goiânia, por exemplo, está com inscrições abertas para o curso de extensão Libras Básico – Nível I. Já o Instituto Federal Goiano oferta o curso Libras para Professores, online, por meio da plataforma MOOC. Veja a seguir algumas opções de formação em Libras disponíveis na Rede Federal:



Diretoria de Comunicação do Conif

Texto: Marcus Fogaça

Foto: Moacir Evangelista

Relacionados