IFRR atendeu mais de 900 professores indígenas em cinco edições da Ação Saberes Indígenas na Escola

Incluindo os 77 professores alfabetizadores indígenas formados em 2023, o Instituto Federal de Roraima desenvolveu cinco edições do programa Ação Saberes Indígenas na Escola desde 2014. Foram atendidos mais de 850 professores alfabetizadores que atuam no ensino da língua materna, do 1º ao 5º ano, e mais de 48 orientadores de estudos, que são os responsáveis, nas escolas, nas comunidades, por fazer a formação dos professores alfabetizadores.


No período de 2014 a 2018, o IFRR realizou quatro edições do programa, visto que as atividades foram interrompidas, de 2019 a 2022, com a extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), do MEC. Em 2023, o governo federal recriou a secretaria. Gestores da pasta e de outros órgãos federais vêm a Roraima e pedem pauta com gestores do IFRR. Um dos pontos de discussão, a retomada das ações do programa. Em maio de 2023, diante de tantos desafios de logística e da retirada de garimpeiros das terras indígenas, o IFRR iniciou a 5ª edição do Ação Saberes Indígenas.


Conforme a coordenadora do Núcleo da Ação Saberes Indígenas na Escola, professora do IFRR Marilene Alves Fernandes, os encontros são realizados nas comunidades indígenas, e, nesses encontros, além dos professores, a comunidade é envolvida, por exemplo, os anciões, os jovens, os mais velhos, as mulheres, as crianças. “Porque é um trabalho que visa à pesquisa, e, muitas vezes, as histórias são contadas pelos anciãos, e os professores, juntamente com os orientadores, fazem essa busca ativa e registram essa narrativa dos mais velhos”, explicou.


A sexta edição do programa está prevista para iniciar-se ainda neste primeiro semestre. “Nesta 5ª edição, as formações previstas, de seis meses, foram finalizadas. Agora a gente está organizando toda a produção feita pelos professores indígenas. Eles trazem essa formação e, junto com o formador, vão separando o material por temas, de acordo com o alfabeto da língua materna deles. E aí eles vão dando corpo ao livro”, explicou Marilene.


Conforme ela, esse é um trabalho desafiante. “É muito bom quando a gente chega ao final e vê a riqueza do material que eles produzem, porque os professores de língua materna não têm material didático para trabalhar na língua materna com a comunidade. Os professores, principalmente os ninans, que participam da formação dos saberes, ainda estão no processo de formação inicial. Os wai-wais já têm certa escolarização e também professores que atuam no ensino da língua materna sem a formação específica de magistério ou de licenciatura. Então, isso é bem desafiante para nós, como coordenadores, supervisores e formadores, porque é um trabalho que demanda tempo, e, nesse processo, enfrentamos muitos desafios”, disse.


No IFRR, a Ação Saberes Indígenas atendeu cinco etnias até 2018, os macuxis, os taurepangs, os ingaricós, os wai-wais e os wapixanas. Em 2023, com a retomada, o IFRR passou a atender os ninans, do povo ianomâmi, e novamente os wai-wais. “Ano passado, a Secadi retornou para garantir o reconhecimento das políticas públicas para todos os povos, sejam indígenas, afrodescendentes, imigrantes, das águas, das florestas, periféricos e outras políticas de inclusão com populações vulneráveis. Assim, os professores indígenas de Roraima seguem contemplados para a formação ninan, do tronco linguístico ianomâmi e wai-wai”, comemorou a pró-reitora de Extensão do IFRR, professora Roseli Bernardo.


Diretoria de Comunicação do Conif

Texto: Rebeca Lopes/Ascom/Reitoria/IFRR
Foto: Arquivo IFRR

Relacionados