A Pró-reitoria de Extensão, por meio da Diretoria de Diversidade e Ações Afirmativas e da Coordenação-Geral de Diversidade, realizou, no dia 23 de setembro, no auditório da Reitoria, o evento “Enfrentamento ao Racismo Institucional: Uma Responsabilidade Coletiva”, marcado pela apresentação da Portaria de Enfrentamento ao Racismo Institucional. O documento é considerado um marco na consolidação de políticas de promoção da equidade racial, estabelecendo diretrizes para acolhimento, denúncia e responsabilização em situações de racismo contra estudantes e servidores.
Segundo os organizadores, a portaria busca garantir segurança institucional e clareza nos procedimentos, além de reforçar o compromisso do IFRJ com uma prática educativa inclusiva e antirracista.
Compromisso coletivo
A mesa de abertura contou com o reitor do IFRJ, Rafael Almada, a pró-reitora de Extensão, Ana Luísa Soares, e a diretora de Diversidade e Ações Afirmativas, Jacqueline Gomes Vicente.
Almada destacou a importância histórica da iniciativa. “É preciso discutir temas extremamente necessários para a nossa comunidade, enfrentando não só os desafios da educação, mas também os que estão presentes na sociedade. Este processo é coletivo, construído com a participação de muitos”, afirmou.
O reitor também ressaltou o papel estratégico dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABIs). “Infelizmente, na estrutura administrativa, eles ainda não recebem o valor que merecem. Muitas vezes são vistos como um problema, quando, na verdade, têm a função de dialogar com os demais setores sobre a questão afro-brasileira e indígena”, disse.
A pró-reitora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Alessandra Paulon, reforçou que a ação deve ser contínua. “Estamos consolidando uma política de combate ao racismo. Mas é preciso avançar ainda mais em políticas e ações cotidianas, que envolvam diálogo permanente e interseccionalidade. A equidade e o combate às desigualdades devem ser parte integrante e obrigatória do nosso trabalho”, destacou.
Para Ana Luisa Soares, a portaria responde a uma demanda prática da comunidade acadêmica. “Cada vez que havia um episódio de racismo, não sabíamos como lidar. Faltava uma normativa clara. Esse documento dá segurança às tomadas de decisão e é um primeiro passo para a construção de uma política institucional mais ampla, que contemple também questões de gênero”, explicou.
Reflexões sobre o racismo institucional
Na ocasião, Jacqueline Gomes Vicente destacou que o IFRJ, assim como outros espaços sociais, reflete avanços e contradições. “O racismo institucional não se manifesta apenas em ações diretas, mas também na sutileza do cotidiano — nas oportunidades negadas, nos silenciamentos, nas ausências. Enfrentá-lo institucionalmente é reconhecer que a luta antirracista deve ser intencional e presente em todas as práticas diárias”, avaliou.
Após a mesa de abertura, o painel “Do Papel à Prática: A Importância da Portaria de Enfrentamento ao Racismo Institucional no IFRJ” reuniu a diretora-geral do Campus São Gonçalo, Gleyce Figueiredo de Lima, a coordenadora do Neabi do Campus Arraial do Cabo, Cintia Paula Santos da Silva, e o presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), Adilson Pereira dos Santos.
Cintia Paula lembrou que a omissão diante das violências também contribui para a perpetuação das desigualdades. “Ser antirracista exige assumir uma postura incômoda, apontando os problemas pelo nome: racismo, misoginia, homofobia. Isso pode nos ajudar a construir um ambiente mais equitativo e respeitoso”, afirmou.
Diretoria de Comunicação do Conif
Texto: Danyelle Woyames/IFRJ
Foto: Arquivo IFRJ