A matemática que conhecemos na atualidade surgiu no Antigo Egito e na Babilônia em 3500 antes de Cristo mas, mesmo durante a pré-história, os seres humanos já usavam conceitos para contar e medir. Como ciência, a matemática sempre buscou estabelecer conceitos e técnicas para compreender os fenômenos.
Mesmo sendo tão antiga, ela ainda consegue encantar os mais jovens, como Gabriel Martinez e Madson Oliveira, campeões de diversas competições de matemática como estudantes do campus Salvador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA).
Estudante do curso técnico em automação industrial, Madson, hoje aos 20 anos, lembra que já nasceu gostando de matemática e os pais sempre o incentivaram a estudar. "Eu já nasci virado para as exatas, mas eu tive ótimos professores no IFBA, entre eles professor Acelio Rodrigues, Leila Muniz, Nelson Almeida, e todos os professores do Poti (Polo Olímpico de Treinamento Intensivo).
Diante dos encantos da matemática, Madson não foge de responder qual a questão que mais o fascinou até aqui. Trata-se do Problema de Basileia, que é um famoso problema de teoria dos números proposto pela primeira vez pelo matemático e clérigo italiano Pietro Mengoli e resolvido pelo matemático e físico suiço Leonhard Euler em 1735. Não resolvido pelos matemáticos mais importantes da época, a solução tornou Euler rapidamente conhecido aos 28 anos.
“A pergunta é qual o valor da função zeta de Riemann para x=2, ou em outras palavras, qual a soma dos quadrados dos inversos de todos os números naturais. O resultado foi extremamente inesperado, π2/6".
Oliveira também cita outra solução matemática que também o fascinou "Uma que se utiliza apenas de geometria elementar e, surpreendentemente, da propriedade da luz de reduzir a intensidade na proporção do quadrado da distância, é uma demonstração simplesmente genial, embora a resolução de Euler também seja incrível. Eu a conheci nesse vídeo", aponta.
Com números e cálculos tão presentes em sua vida, o que pareciam ser ideias abstratas se transformaram em asas e levaram o discente para novos destinos. Hoje Madson está cursando um pré-vestibular para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
“Estou estudando em Fortaleza no melhor curso preparatório pro ITA, muito por conta das olimpíadas, não apenas porque elas preencheram grande parte do meu 'currículo acadêmico' digamos assim, mas também porque eu apenas comecei a estudar de verdade quando decidi participar da OBMEP, e após isso, evoluí drasticamente. Então eu gostaria de ter começado mais cedo, por isso sempre recomendo as olimpíadas para os alunos que acabaram de entrar no IFBA, já que quanto antes começar, mais longe poderá ir”.
Você quer saber como Madson estuda para trilhar o mesmo caminho? "Não tenho nenhum segredo, apenas estudo a teoria e depois faço mil questões do assunto, acredito que não exista nada mais efetivo”, explica.
Para quem acredita que campeões da matemática só gostam de números, o discente conta que sempre gostou de desenhar, ler, jogar xadrez e jogos eletrônicos, animes, séries, filmes.
“Considero aprender um hobby, e é o que eu mais gosto. O que eu mais leio são as apostilas do meu curso, mas de vez em nunca eu paro pra ler Herois do Olimpo ou Uma Breve História do Tempo, do Stephen Hawking”. Entre os locais que o campeão mais gosta de estar no campus Salvador é exatamente no terceiro andar do Bloco A por causa das mesas de xadrez do projeto de extensão liderado pelo professor de filosofia do campus Jeudy Aragão.
Outro campeão é o estudante do curso técnico integrado em mecânica Gabriel Falcão Martinez que, aos 17 anos, já participou de 10 competições diferentes de matemática e acumula seis medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze.
“Minha família sempre apoiou a iniciativa, mas meu interesse em matemática surgiu majoritariamente de mim”, lembra Gabriel. Enquanto há tantos em nosso país que ainda não conseguiram captar a beleza da matemática, Gabriel já não a enxerga como uma mera obrigação escolar mas como um objeto de alegria e entretenimento, como ocorria com Euler no século 18.
Martinez entrega que nas horas livres, finais de semana, se dedica aos cálculos e à resolução de problemas. Ele também enumera entre seus hobbies preferidos estudar, e depois sair e viajar.
Mesmo com a suspensão do calendário, Gabriel continua estudando. “Durante a greve estou fazendo um estágio e dando aulas particulares de matemática, além de estudar conteúdos das outras matérias”.
Gabriel e mais cinco estudantes do campus compareceram no último dia 17 de junho na Reitoria da Universidade Federal da Bahia para receberem, ao lado do professor Acelio Rodrigues, as medalhas da OBMEP 2023. Madson não conseguiu comparecer em razão de estar estudando na cidade de Fortaleza.
Diretoria de Comunicação do Conif
Texto: Henrique Soares/Ascom IFBA
Foto: Arquivo IFBA