Doadora de medula óssea, cadastrada em campanha realizada pelo IFTO, ajudou a salvar vida

Imagina representar a segunda chance de vida para alguém, oferecer esperança a quem precisa, possibilidades de realizar sonhos, ser a via de cura para quem mais necessita. Ser um doador de medula óssea pode fazer a diferença na luta contra doenças graves e salvar vidas. Ser um doador compatível possibilita a recuperação e a chance de recomeço para inúmeras pessoas. O Instituto Federal do Tocantins (IFTO), pensando no valor e na importância desse gesto, realizou, nas unidades de Araguatins e Porto Nacional, o cadastro de novos doadores de medula óssea. 


A ação foi executada em parceria com a Unidade de Coleta e Transfusão (UCT) das cidades de Augustinópolis e de Porto Nacional. No Campus Araguatins foram efetuados, aproximadamente, 30 cadastros de doadores. "A UCT de Augustinópolis sempre foi parceira do Campus Araguatins, seja nas ações de cadastro de doadores de medula óssea, quanto nas ações sobre as orientações básicas para a doação de sangue e, neste ano, obtivemos um número considerável de cadastros de doadores de medula óssea e várias pessoas interessadas em realizar doação de sangue", destacou o enfermeiro do campus, Romário Borges Silva. 


Na unidade de Porto Nacional, além do cadastro de novos doadores, foram realizadas minipalestras educativas em salas de aula, abordando a importância da doação de sangue e medula óssea, de modo a conscientizar a comunidade acadêmica e sensibilizar, para além do ambiente escolar, as famílias dos estudantes e demais pessoas a se tornarem doadoras. 


O que é medula óssea? 


A medula óssea é responsável pela produção de células sanguíneas essenciais para o bom funcionamento do organismo e, em casos de doenças como leucemias, linfomas e outras condições hematológicas graves, a única esperança de cura é o transplante de medula óssea.  Esse procedimento consiste na substituição da medula doente por células saudáveis, possibilitando a reconstituição do sistema sanguíneo do paciente. A doação de medula óssea pode ser feita de duas formas, punção ou aférese. A decisão sobre o método é exclusiva dos médicos assistentes. 


Punção: Procedimento realizado sob anestesia em que a medula óssea é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções. Requer internação de 24h, podendo ocorrer dor no local da punção, nos primeiros dias, que pode ser amenizada com uso de analgésicos. O tempo de recuperação ocorre em torno de 15 dias.


Aférese: Método em que o doador faz uso de uma medicação por cinco dias, com o objetivo de aumentar a produção de células-tronco circulantes no seu sangue. A doação é realizada por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue através de duas veias do doador, uma em cada braço. Não há necessidade de internação e anestesia. No geral, vale ressaltar que ambos são procedimentos seguros e de baixo risco para o doador. (Fonte: REDOME)

Atitude que salva vidas


Apesar da importância desse ato, a quantidade de doadores registrados ainda é baixa para o volume de necessidades, o que torna mais difícil encontrar uma medula compatível para pacientes que aguardam uma doação. Somada a essa dificuldade, existem muitos mitos e preconceitos quanto a esse ato de solidariedade e generosidade.


Mas, na contramão da desinformação e à luz da esperança e da conscientização, quem passa pelo processo de doação de medula óssea testemunha uma experiência única de vida. É o caso da assistente administrativa Rafyza Figuerêdo, que tomou uma atitude que, anos mais tarde, mudaria a vida de uma pessoa com uma doença grave. Ela foi servidora no Campus Araguatins e, por volta do ano de 2015, numa campanha semelhante a esta, fez o cadastro como doadora de medula óssea na unidade.


"O processo de cadastro de doador é muito simples. É um procedimento muito simples. Coletam o sangue para saber o tipo e faz um cadastro com dados pessoais", comentou. Quase 10 anos depois, em agosto de 2024, ela recebeu uma ligação na qual foi informada sobre a compatibilidade sanguínea dela com um paciente de nacionalidade americana, acometido por um câncer, e que necessitava de um transplante.


A partir daí, começou todo um processo de acolhimento e suporte para que a coleta fosse feita de forma tranquila e segura. "Eu já me cadastrei nessa intenção de doar. O contato do REDOME explica todo o passo a passo. Eu fui orientada a procurar um posto de coleta mais próximo. Fiz uma bateria de exames para saber se eu era a pessoa cem por cento compatível com o paciente", disse Rafyza, esclarecendo que era necessário fazer uma consulta presencial com a equipe de coleta, e que o posto mais próximo da cidade em que ela reside está localizado em Recife - PE.


Atualmente Rafyza mora na cidade de Imperatriz - MA e atua como servidora no Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Ela enfatizou que todas as despesas com a viagem, como voos, hospedagem, exames médicos, alimentação, os custos para ela e para um acompanhante, foram todos pagos pelo SUS. 


"O método da minha coleta foi a punção. As pessoas ainda tem muito medo, por não conhecerem ou por não entenderem. Mas é muito tranquilo. Fui anestesiada e durante o procedimento eu não senti nenhuma dor. Fui internada um dia antes por causa de uma medicação que tomei para aumentar a produção de células. Fui muito bem assistida por várias equipes. São pessoas muito humanas e acolhedoras", destacou Rafyza, avaliando que a única coisa que teve que fazer foi se deslocar de uma cidade para outra.


"Um esforço tão pequeno da minha parte para um ato tão grandioso que é salvar uma vida", disse, explicando que todo o processo, entre a primeira ligação e o ato da coleta, levou cerca de três meses, e que nenhuma etapa atrapalhou ou dificultou o seu dia a dia. A servidora destacou também que os dados do receptor são sigilosos e, que, por isso, não foi possível acompanhar o seu estado de saúde após o transplante. 


Neste ano, a ação de cadastro de novos doadores de medula óssea no IFTO foi realizada durante a programação do IV Seminário de Promoção da Saúde, promovido entre os dias 20 e 27 de março. 


Como se tornar um doador? 


De acordo com o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), para se cadastrar como doador é necessário atender aos seguintes requisitos: ter entre 18 e 35 anos; estar em boas condições de saúde; não ter histórico de câncer, doenças infecciosas ou autoimunes; realizar a coleta de uma amostra de 5 ml de sangue para o exame de compatibilidade. 


Além do sentimento gratificante de contribuir diretamente para salvar a vida de alguém, o doador de medula óssea pode ter o benefício de adquirir isenção de taxas em concursos públicos; cobertura de custos, pois o SUS (Sistema Único de Saúde) cobre todos os custos da doação; e oportunidade de realizar uma bateria de exames que podem identificar alterações de saúde. 


Banco de doadores


O doador cadastrado permanece no registro de doadores até os 60 anos de idade, podendo ser chamado para doação a qualquer momento, caso haja compatibilidade com um paciente. Atualmente, no Estado do Tocantins existem 60.674 doadores cadastrados no REDOME. Em todo o Brasil, em 2024, foram realizados 219 transplantes.

 

O REDOME foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.


Aumentar o número de doadores aumenta também as chances de encontrar mais combinações compatíveis. Essa atitude demonstra compromisso com a vida e o bem-estar do próximo. Seja um doador! Mais informações sobre como doar medula óssea podem ser consultadas na página oficial do registro.

Diretoria de Comunicação do Conif

Texto: Mayana Matos/IFTO

Com informações do REDOME e do Setor de Saúde Estudantil do IFTO

Foto: Arquivo Pessoal

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